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Não tem médium, e agora? – parte 5

Estamos nos encaminhando para o final do artigo de Kardec sobre a escassez de médiuns, a partir de agora ele passa a sugerir o que pode ser feito nas reuniões espíritas quando não for possível a mediunidade. Nos parágrafos anteriores do seu artigo entendemos que a presença dos médiuns era fundamental nas reuniões pois através deles os Espíritos participavam dos estudos espíritas.

No entanto, os estudos espíritas não estão restritos ao fenômeno em si, Kardec diz isso com todas as letras no trecho seguinte quando afirma que “na ausência de médiuns, uma reunião que se propõe algo mais que ver manejar um lápis, tem mil e um meios de empregar o tempo de maneira proveitosa. Limitamo-nos a indicar alguns, sumariamente:”

Sua primeira recomendação é a revisão de todas as mensagens já recebidas, ele diz:

1 – Reler e comentar as comunicações anteriores, cujo estudo aprofundado fará ressaltar melhor o seu valor.

Se alguém alegasse que isto seria fastidioso e monótono, diríamos que ninguém se cansa de ouvir um bonito trecho de música ou de poesia; que depois de haver escutado um sermão eloquente, gostaríamos de o ler com a cabeça fresca; que certas obras são lidas vinte vezes, porque a cada vez nelas descobrimos algo de novo. Aquele que apenas é tocado pelas palavras se aborrece ao ouvir a mesma coisa repetida apenas duas vezes, mesmo que essa coisa seja sublime; sente necessidade de coisas novas para despertar o seu interesse, ou melhor, para distraí-lo. Aquele que raciocina tem um sentido a mais: é mais tocado pelas ideias do que pelas palavras. É por isso que gosta de ouvir mais vezes aquilo que lhe vai ao espírito, sem parar no ouvido.

O conselho de Kardec coincide com a noção, por ele já desenvolvida, de que os Bons Espíritos esperam que levemos a sério suas comunicações, no sentido de mergulharmos em todo o seu conteúdo, indo fundo no que os Espíritos querem dizer. Sem nos determos na superfície que seria apenas uma admiração formal. Vejamos bem como ele recomenda raciocinar sobre o que diz a mensagem porque quanto mais se raciocina a respeito mais profundo é o mergulho.

Quanto mais superior o Espírito, mais coisas ele diz em poucas palavras e essa sabedoria não pode ser apreendida numa leitura apressada. Esse entendimento podemos encontrar na obra de Allan Kardec, como por exemplo, neste trecho de O Livro dos Médiuns, capítulo 24, item 267:

9 – Os Espíritos superiores se exprimem com simplicidade, sem prolixidade. Têm o estilo conciso, sem exclusão da poesia das ideias e das expressões, claro, inteligível a todos, sem demandar esforço para ser compreendido. Têm a arte de dizer muitas coisas em poucas palavras, porque cada palavra é empregada com exatidão.

Vamos entender: a sabedoria não pode ser confundida com o uso de palavras difíceis, as boas comunicações não são boas porque são complicadas, a necessidade de raciocinar sobre elas não é devido a dificuldade que se tem de entendê-las, não se trata de decifrar comunicações rebuscadas, mas de refletir sobre as ideias ali contidas de forma simples e concisa. Isto é, quando as comunicações são boas porque como já dito nos textos anteriores, a necessidade de estudar as comunicações é dupla: para reter o que é bom e para rejeitar o que não é. Conforme lemos na nona parte do item 267 que diz que “Os Espíritos inferiores, ou falsos sábios, ocultam sob o empolamento, ou a ênfase, o vazio de seus pensamentos. Usam de uma linguagem pretensiosa, ridícula, ou obscura, à força de quererem pareça profunda.” Distinguir o que é profundo do que apenas aparenta profundidade requer trabalho.

Esse estudo das comunicações deve ser feito sem medo. Devassar o conteúdo de uma comunicação, questionar as ideias que ela traz, duvidar da sua lógica etc, nada disso pode ser encarado como uma profanação. Os Espíritos superiores recomendam esse estudo, somente os inferiores com isso se incomodam.

Por isso Allan Kardec recomenda revisar todas as comunicações já recebidas pelo grupo a fim de lhes precisar melhor o justo valor. Rejeitando as péssimas comunicações apontando exatamente quais os seus problemas, distinguindo as boas para crescermos com elas justamente para que os bons conselhos e ensinamentos dados pelos Espíritos não sejam transformados em arquivos que uma vez engavetados caem no esquecimento, não façamos isso, valorizemos o ensino dos Espíritos superiores a fim de que eles sejam bem aproveitamos, ainda mais quando se tratar de questões de ordem moral que é a nossa maior necessidade. Continua…